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NÃO HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIA
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A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá e a prática, ativismo.
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É preciso que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.
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Se, na experiência de minha formação, que deve ser permanente, começo por aceitar que o formador é o sujeito em relação a quem me considero o objeto, que ele é o sujeito que me forma e eu, o objeto por ele formado, me considero como um paciente que recebe os conhecimentos - conteúdos - acumulados pelo sujeito que sabe e que são a mim transferidos. Nesta forma de compreender e de viver o processo formador, eu, objeto agora, terei a possibilidade, amanhã, de me tornar o falso sujeito da "formação" do futuro objeto de meu ato formador.
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Embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado.
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Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos.
Formar não é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado.
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Não há docência sem discência.
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.
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Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa.
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Inexiste validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou capaz de recriar ou de refazer o ensinado.
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Quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói a curiosidade epistemológica.
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Em que pese o ensino bancário, que deforma a necessária criatividade do educando e do educador, o educando a ele sujeitado pode, não por causa do conteúdo cujo "conhecimento" lhe foi transferido, mas por causa do processo mesmo de aprender, dar a volta por cima e superar o autoritarismo e o erro epistemológico do "bancarismo".
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O necessário é que, subordinado, embora, à prática "bancária", o educando mantenha vivo em si o gosto da rebeldia que, aguçando sua curiosidade e estimulando sua capacidade de arriscar-se, de aventurar-se, de certa forma o "imuniza" contra o poder apassivador do "bancarismo".
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A força criadora do aprender de que fazem parte a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, a curiosidade não facilmente satisfeita, que supera os efeitos negativos do falso ensinar.
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ENSINAR EXIGE RIGOROSIDADE METÓDICA
.O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica de educando, sua curiosidade, sua insubmissão.
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Faz parte das condições em que aprender criticamente é possível a pressuposição por parte dos eeducandos de que o educador já teve ou continua tendo experiência da produção de certos saberes e que estes não podem a eles, os educandos, ser simplesmente transferidos.
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A importância do papel do educador está não apenas em ensinar os conteúdos mas também ensinar a pensar certo.
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Ao ler não me acho no puro encalço da inteligência do texto como se fosse ela produção apenas de seu autor ou de sua autora. Esta forma viciada de ler não tem nada qu ever, por isso mesmo, com o pensar certo e com o ensinar certo.
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Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo.
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Uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiadamente certos de nossas certezas.
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Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se "dispõe" a ser ultrapassado por outro amanhã.
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Ensinar, aprender e pesquisar lidam com o momento em que se ensina e se aprende o conhecimento existente e com o em quê se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente.
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