sábado, 8 de julho de 2017

Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (12)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE CONSCIÊNCIA DO INACABAMENTO
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Ser aventureiro responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente.
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Gosto de ser humano porque não está dado como certo, inequívoco, irrevogável que sou ou serei decente, que testemunharei sempre gestos puros, que sou e que serei justo, que respeitarei os outros, que não mentirei escondendo o seu valor porque a invesja de sua presença no mundo me incomoda e me enraivece e porque sei que a minha passagem pelo mundo não é PREDETERMINADA, PREESTABELECIDA. Que meu destino não é um dado mas algo que precisa ser feito e de cuja responsabilidade não posso me eximir. Problematizo o futuro e recuso sua INEXORABILIDADE.
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O ser humano é inacabado, inventou a existência com possibilidades diversas e antagônicas, sendo impossível sem assumir o direito e o dever de optar, de decidir, de lutar, de fazer política.
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Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (11)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR NÃO É TRANSFERIR CONHECIMENTO
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Entrar em sala de aula com a tarefa de ensinar e não a de transferir conhecimento exige um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos estudantes, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto com esta tarefa.
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Saber e vivenciar (testemunhar) este saber (tarefa). E assim o discurso sobre a Teoria deve ser o exemplo concreto, prático, da teoria. Noutro caso será um emaranhado na rede de contradições em que o testemunho, inautêntico, perde eficácia.
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Pensar certo é uma postura exigente, difícil, às vezes penosa, que temos de assumir diante dos outros e com os outros, em face do mundo e dos fatos, ante nós mesmos.
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Difícil devido à vigilância constante qu etemos de exercer sobre nós próprios para evitar os simplismos, as facilidades, as incoerências grosseiras.
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Cansativo, por exemplo, viver a humildade, condição "sine qua" do pensar certo, que nos faz proclamar o nosso próprio equívoco, que nos faz reconhecer e anunciar a superação que sofremos.
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ALERTA: Sem rigorosidade metódica não há pensar certo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Primeiro parceiro nesta jornada.

Bem vindo João Ricardo. Vamos juntos nesta jornada, amigão.
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E bem vinda Lívia Karynne.
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Estou me sentindo bem acompanhado.
Fica o convite a todos.

Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (10)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE O RECONHECIMENTO E A ASSUNÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
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Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se.
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Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar.
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Assumir-se como sujeito porque capaz de reconhecer-se como objeto.
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A assunção de nós mesmos não significa a exclusão dos outros. É a "outredade" do "não eu", ou do tu, que me faz assumir a radicalidade do meu eu.
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O puro treinamento do professor não permite o pensar certo a questão da identidade cultural, a assunção de nós por nós mesmos. Isto perde-se na estreita e pragmática visão do processo.
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A experiência histórica, política, cultural e social dos homens e das mulheres jamais pode se dar "virgem" do conflito entre as forças que obstaculizam a busca da assunção de si por parte dos indivíduos e dos grupos e das forças que trabalham em favor dos obstáculos. A formação docente que se julgue superior a essas "intrigas" não faz outra coisa senão trabalhar em favor dos obstáculos.
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A aprendizagem da assunção do sujeito é incompatível com o treinamento pragmático ou com o elitismo autoritário dos que se pensam donos da verdade e do saber articulado.
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EDUCANDOR - um conceito

Educandor é
Educando
Educador
Educa(n)do(r)
E.du.candor
Educado
Ando
Andor
Candor
Dor.
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Flávio Furtado de Farias 10:30 de 18 de julho de 2011
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Paulo Freire é de uma tradição em que quem ensina aprende e quem aprende ensina.
Seguindo esta mesma tradição, considero o respeito à autonomia essencial ao processo ensinaprendizagem.
E assim alimentando a criatividade com liberdade, alterando o foco avaliativo que passa a orbitar em outro centro, e que considere a força entrópica da sociedade, inclusive do microcosmo acadêmico, considero necessário pensar no sujeito EDUCANDOR.
Este sujeito não novo, mas difícil de nominar. Denominando-o educandor, considerar suas multifaces e multiprocessos, inclusive o da dor de existir e se saber existindo.
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domingo, 17 de julho de 2011

Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (9)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A PRÁTICA
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Não é a partir do pensar certo que se conforma a prática docente crítica, mas sem ele não se funda aquela.
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O pensar certo que supera o ingênuo tem que ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o professor formador.
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Na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática.
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O próprio discurso teórico, necessário a reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática.
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A assunção do comportamento concretiza materialmente a reflexão crítica, e há um elemento emocional envolvido. Assim está errada a educação que não reconhece na justa raiva, na raiva que protesta contra as injustiças, contra a deslealdade, contra o desamor, contra a exploração e a violência um papel altamente formador. O que a raiva não pode é, perdendo os limites que a confirmam, perder-se em raivosidade que corre sempre o risco de se alongar em odiosidade.
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Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (8)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE RISCO, ACEITAÇÃO DO NOVO E REJEIÇÃO A QUALQUER FORMA DE DISCRIMINAÇÃO
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É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo, mas não por seu aspecto cronológico.
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O pensar certo a ser ensinado concomitantemente com o ensino dos conteúdos não é um pensar formalmente anterior ao e desgarrado do fazer certo.
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Ensinar a pensar certo é algo que se faz e que se vive enquanto dele se fala com a força do testemunho.
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O pensar certo é dialógico e não polêmico.
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Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (7)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE A CORPOREIRIFICAÇÃO DAS PALAVRAS PELO EXEMPLO
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As palavras a que falta a corporeidade do exemplo pouco ou quase nada valem. Pensar certo é fazer certo.
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Não há pensar certo fora de uma prática testemunhal que o re-diz em lugar de desdizê-lo.
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Não é possível ao professor pensar que pensa certo mas ao mesmo tempo perguntar ao aluno se "sabe com quem está falando".
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O clima de quem pensa certo é o de quem busca seriamente a segurança na argumentação, é o de quem, discordando do seu oponente, não tem por que contra ele ou contra ela nutri uma raiva desmedida, bem maior, às vezes, do que a razão mesma da discordância.
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Faz parte do pensar certo o gosto da generosidade que, não negando a quem tem o direito à raiva, a distingue da raivosidade irrefreada.
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E você que me está lendo agora neste blog, gostaria de seu comentário. Porque estou te vendo, mas não estou te lendo. Gostaria de ler o que pensa.

Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (6)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE ESTÉTICA E ÉTICA
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A necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita à distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. Decência e boniteza de mãos dadas.
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Só somos porque estamos sendo. Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela.
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Transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador.
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Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando.
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Pensar certo demanda profundidade e não superficiliadade na compreensão e na interpretação dos fatos.
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Pensar certo supõe a disponibilidade à revisão dos achados, reconhece não apenas a possibilidade de mudar de opção, de apreciação, mas o direito de fazê-lo.
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Não é possível mudar e fazer de conta que não mudou se se pensa certo.
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Todo pensar certo é radicalmente coerente.

Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (5)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE CRITICIDADE
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Há uma superação, e não uma ruptura, quando a curiosidade ingênua se criticiza.
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A curiosidade ingênua que está associada ao saber do senso comum é a mesma curiosidade que, criticizando-se, aproximando-se de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objeto cognoscível, se torna curiosidade epistemológica. Muda de qualidade mas não de essência.
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Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos.
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A promoção da ingenuidade para a criticidade não se dá automaticamente, uma das tarefas precípuas da prática educativo-progressista é exatamente o desenvolvimento da curiosidade crítica, insatisfeita, indócil.
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Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (4)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE RESPEITO AOS SABERES DOS EDUCANDOS
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Pensar certo coloca ao professor e à escola o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos chegam a ela mas também discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos.
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Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina?
Por que não estabelecer uma "intimidade" entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos?
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Um educador reacionariamente pragmático diria que a escola não tem nada que ver com isso. A escola não é partido. Ela tem que ensinar os conteúdos, transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si mesmos.
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Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (3)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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ENSINAR EXIGE PESQUISA
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Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino.
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É necessário que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador.
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A curiosidade tornando-se mais e mais metodicamente rigorosa, transita da ingenuidade paraa curiosidade epistemológica.
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Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito e o estímulo à capacidade criadora do educando.

Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (2)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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NÃO HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIA
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A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá e a prática, ativismo.
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É preciso que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.
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Se, na experiência de minha formação, que deve ser permanente, começo por aceitar que o formador é o sujeito em relação a quem me considero o objeto, que ele é o sujeito que me forma e eu, o objeto por ele formado, me considero como um paciente que recebe os conhecimentos - conteúdos - acumulados pelo sujeito que sabe e que são a mim transferidos. Nesta forma de compreender e de viver o processo formador, eu, objeto agora, terei a possibilidade, amanhã, de me tornar o falso sujeito da "formação" do futuro objeto de meu ato formador.
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Embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado.
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Ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos.
Formar não é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado.
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Não há docência sem discência.
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.
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Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa.
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Inexiste validade no ensino de que não resulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou capaz de recriar ou de refazer o ensinado.
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Quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói a curiosidade epistemológica.
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Em que pese o ensino bancário, que deforma a necessária criatividade do educando e do educador, o educando a ele sujeitado pode, não por causa do conteúdo cujo "conhecimento" lhe foi transferido, mas por causa do processo mesmo de aprender, dar a volta por cima e superar o autoritarismo e o erro epistemológico do "bancarismo".
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O necessário é que, subordinado, embora, à prática "bancária", o educando mantenha vivo em si o gosto da rebeldia que, aguçando sua curiosidade e estimulando sua capacidade de arriscar-se, de aventurar-se, de certa forma o "imuniza" contra o poder apassivador do "bancarismo".
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A força criadora do aprender de que fazem parte a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, a curiosidade não facilmente satisfeita, que supera os efeitos negativos do falso ensinar.
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ENSINAR EXIGE RIGOROSIDADE METÓDICA
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O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica de educando, sua curiosidade, sua insubmissão.
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Faz parte das condições em que aprender criticamente é possível a pressuposição por parte dos eeducandos de que o educador já teve ou continua tendo experiência da produção de certos saberes e que estes não podem a eles, os educandos, ser simplesmente transferidos.
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A importância do papel do educador está não apenas  em ensinar os conteúdos mas também ensinar a pensar certo.
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Ao ler não me acho no puro encalço da inteligência do texto como se fosse ela produção apenas de seu autor ou de sua autora. Esta forma viciada de ler não tem nada qu ever, por isso mesmo, com o pensar certo e com o ensinar certo.
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Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar a pensar certo.
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Uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiadamente certos de nossas certezas.
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Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se "dispõe" a ser ultrapassado por outro amanhã.
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Ensinar, aprender e pesquisar lidam com o momento em que se ensina e se aprende o conhecimento existente e com o em quê se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente.
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Leitura - Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia (1)

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. 148p.
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PRIMEIRAS PALAVRAS
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Formação docente e reflexão sobre a prática educativo-progressiva para a AUTONOMIA  do ser dos educandos.
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A inconclusão do ser humano, sua inserção num permanente movimento de procura, a curiosidade ingênua e a crítica virando epistemológica.
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Formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Postagem inaugural

Este blogue visa a analisar o ensino superior sob diversos aspectos.
Realizando críticas aos processos desenvolvidos, em especial, nas instituições de ensino superior privadas.
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Aceitarei de muito bom grado textos para publicação, que poderão receber menção de autoria ou não de acordo com a vontade do autor.
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contatos:
prof3f@gmail.com